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“gosto de olhar comprido, longo, longe. Gosto de ver o horizonte para além do mar e de olhar desde o topo da montanha, gosto de olhar para além do fundo do céu, da liberdade de sonhar para além da imaginação, para além do já sabido, do conhecido. Gosto de conhecer, mais que de reconhecer. Para além da lenda. Assim sou eu: para além da história, ou “para lá de antes que seja história.”

Sunday, October 24, 2010

A Passos Largos

Ilnéa País de Miranda
em 20/12/2009

O andar é largo, amplo e decidido,
As pernas longas adiantam o passo
E os pés repisam o caminho lido
Por vida inteira sem deixar um traço.

No espaço aberto, quase divertido,
Respira a vida em insandescência
Guarda no peito o ar, desinibido,
E traz aos olhos santa iridescência.

A caminhar sem ser por penitência
Olha o riacho, iris, colorido.
Despe a vergonha da própria inocência.

Sentindo o fim chegar, sem resistência,
cumprindo a vida sem ter desistido
entrega às águas alma e consciência.

Thursday, October 07, 2010

Eu e Quixote

(Encontrei o 1º quarteto na madrugada de 19/11/2009 e terminei às 04:10h desta sexta -feira 15 de maio de 2010)
Ilnéa País de Miranda
*
Que fantasia é essa que estremece
E deixa tontas nossas almas loucas
Quando a paixão que nos envolve aquece
O fogo morno em nossas ânsias moucas?

Que fantasia é essa que me encanta
Que me consome e só me dá guarida
Para roubar-me enquanto me acalanta
E deixa tonta toda minha vida?

Que fantasia é essa que me esquece
Em meio a minhas esperanças poucas
Mas que me deixa ser, por esquecida?

Que fantasia é essa que me espanta
Rouba meu verso e dele faz poesia
E faz de mim herói de fancaria?

Quem sabe acordo?

Quem sabe acordo?
Ilnéa R. País de Miranda
*
De minhas marcas só tirei recados
Do que podia ser sem ser ferido
Sem ter o pranto preso ao meu ouvido
Sem ter que ouvir o grito dos calados.

Dos meus recados que não tem sentido
Eu faço versos nunca reclamados
Pelos poetas sempre descuidados
Vivendo d’alma sem nem ter sofrido.

Mas se minh’alma escapa a meus cuidados
E sonha em versos o desconhecido
Resguarda o canto que escutei inteiro.

E desavendo-me em não revelados
Guardo comigo o prêmio e o perdido
Voltando ao sonho que sonhei primeiro.

Quem Sabe Assim...

Quem sabe assim?
Ilnéa R. País de Miranda

Relendo a carta que te havia escrito
Lembrei dos versos que tu me dizias
em que as palavras úmidas e frias
não mais lembravam o sonho já proscrito.

O sonho tênue em que chegarias
A passos leves em meu infinito
E na garganta morreria o grito
Do amor profano em minhas fantasias.

E se a lembrança do que foi bonito
Transforma o verbo em doces melodias
Quem sabe eu possa me entregar cantando?

Só em teus braços, num abraço aflito,
Encontro a calma no passar dos dias
Nas noites frescas que passo te amando.

À Revelia de Mim

*
À Revelia de Mim
Ilnéa R. País de Miranda,

Amanheci, sem planos, matutando
Como seria eu sem poesia
Como seria ser, sem fantasia,
Apenas ser, e só de vez em quando.

Como seria ser a maresia
Mesmo sem ver do mar ondas rolando,
Mesmo sem ver um pássaro voando
E ainda assim ser sua alegoria.

Duvido em mim se louca vou ficando,
Se busco a Terra em minha Encantaria,
Ou vou roubar o fogo a Prometeu.

Mas fecho os olhos, sorrio pensando,
que no meu mundo, louco, à revelia,
quem eu seria se não fosse eu?
( em 18 de agosto de 2010)