A Meu Amigo

A Meu Amigo

Era domingo!... ou não era? Sei lá...
E se não era, sabe, até que parecia
Pois era claro, havia sol, e todo mundo ria
De coisas tantas, ou talvez de nada.
E nós olhamos, nos vimos, nós nos encontramos
E o mundo todo soube, porque também rimos.

Éramos dois... ou três? Ou quantos?
Que nos quisemos, só, sem querer nada
De trocas muitas, conversas, coisas tantas
Nas muitas vezes que nos rimos juntos
De tudo que falamos - se é que nos falamos -
Já que falar nem sei se precisávamos.

E quem nos visse, se é que alguém via -
E se nos visse, sei lá o que não diria
De estarmos nós a nos trocar lembranças -
Lembranças quantas que nós não sabíamos,
Que ainda não eram, mas quiçá seriam
De tudo que fazíamos sem fazer nada.

Éramos quantos?... três, ou dois... apenas um
Que olha e não vê, e se não vê não sabe
Que o mundo já não ri, mas culpa não lhe cabe.
Se é domingo, não sei, já nem percebo...
.... se não é claro, não há sol, se o mundo chora.
Não mais nos temos, não nos rimos, nem nos encontramos...
...se é domingo - ou não é - que importa agora?

Ilnéa País de Miranda
CAC 1969

Quase quarenta anos... num dia assim como hoje, um pouco frio, um pouco cinza, um pouco triste de saudade. Maio não era mais. Era princípio de junho. Do mar de água escura, ouvia o quebrar forte da onda na praia, e sentia o vento, cheirando a onda, voando pela rua, trazendo histórias, lembrando Elisa a tricotar casacos de urzes para seus irmãos cisnespríncipes de Andersen.
Foi lá que eu escrevi.
Abraço grande,
I