Infinito infinito
... não é uma lembrança. É uma vida inteira num universo paralelo que teima em co-existir com a que levo neste, o do mundo, o de todo mundo em volta de mim.
Me penso bailarina, quase voando num pás-de-burré extremamente leve, atravessando um palco imaginário, em cenas clássicas, ao som de um só piano que desfila Rachmaninoff...
...às vezes violinos, e harpas, romanticamente bucólicos de pomares de frutas maduras, cheirando manhãs tranqüilas e tardes perfumadas das flores e dos frutos que não precisamos comer pois que nos alimentamos do ar que partilhamos nos cheiros de nós dois.
Não há tempo, pois que o tempo para aquele “nós” não passa, suspenso no espaço próprio de um amor infinitamente delicado. Somos nós, dois “um” que se completam por um momento eterno.
Não importa que o tempo do mundo marque inexoravelmente o tempo que não é mais, ou que é demais, que para o mundo passa e perece, mas para o nós de você-em-mim-eu-em-você, é infinito, mortalmente infinito.